quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Escritaria 2010 – Agustina Bessa-Luís




Ao longo destes últimos três anos, Penafiel tem tido a honra de acolher um festival literário, que tem por nome Escritaria. O Escritaria tem como principais objectivos homenagear e propagar criativamente vários tipos de objectos a partir da obra e da figura de um escritor ou tema de cada edição. Este tipo de homenagens não se limita a um espaço entre quatro paredes. Tal como este ano, a cidade foi “contaminada” com elementos e frases alusivas vida e obra de Agustina, que é a homenageada desta terceira edição, o que fez com que ninguém passasse indiferente perante a actividade. Este evento contou com a participação de alguns ilustres convidados que partilharam com os presentes o seu conhecimento sobre a escritora, no Museu Municipal de Penafiel, tais como o Presidente da Câmara de Penafiel Alberto Santos, Inês Pedrosa, Fernando Pinto do Amaral, Mónica Baldaque e Manoel de Oliveira, entre outros.

Durante a iniciativa foram recitados alguns textos e cartas como forma de homenagear Agustina. Foram referidas várias peripécias da vida da escritora e partilhadas recordações de momentos passados com Ela. Falou-se do seu espírito empenhado e de forte personalidade, e considerou-se o sol que jazia nesse dia uma forma de alumiar a figura tão merecedora de reconhecimento. Acima de tudo, consideraram-na portadora de uma grande imaginação, ao conseguir escrever sobre tudo, e sempre “com a mesma dignidade”. O escritor Pinto de Amaral, intitulou Agustina de “génio”, apelidando a sua obra de madura, característica que se afirmou ao longo de todo o seu percurso. Amaral elogiou vivamente a escritora, como sendo a mais importante do país e considerou qualquer classificação sua como sendo medíocre. Para ele, a homenageada é dotada de uma inteligência em estado puro, o que também lhe permitiu criar o seu próprio espaço, não tomando o lugar de ninguém (dentro das correntes literárias).

O sentido de humor da protagonista foi mais uma característica apontada. Aquando de uma entrevista, quando lhe foi referido o facto de ser considerada “excessivamente vaidosa”, respondeu com uma certa ironia, dizendo, que sendo “filha de Deus” não tinha como mostrar a sua simplicade.
De facto, “Agustina faz muita falta” como referiu Manoel de Oliveira. Nesta homenagem foi devidamente reconhecido o valor pessoal e artístico da escritora, como era o objectivo do Escritarias.

“Nasci adulta, morrerei criança.”
Agustina Bessa-Luís